segunda-feira, 22 de janeiro de 2024

'Se o mercado começar a operar a eleição americana, pode não ser legal para moedas emergentes', diz Rhuan Pedroza

Cenário ainda é positivo para o real, apesar de incerteza externa, diz CEO da Pedroza Capital, Rhuan Pedroza


Mesmo que o Federal Reserve (Fed) não comece a reduzir as taxas de juros em março, o ambiente ainda se mostra favorável ao real, diante do apoio das contas externas brasileiras e da postura bastante cautelosa do Banco Central no processo de redução da Selic. “Eu estou na linha de que não vamos ver queda de juros nos Estados Unidos em março e isso, em tese, é algo que fortalece o dólar. Atrapalha um pouco, mas, quando eu olho os dados de balança comercial, balanço de pagamentos e o BC mais cauteloso, ainda vejo um ambiente bom para a moeda”, diz Rhuan Pedroza, fundador e CEO da Pedroza Capital.


Segundo ele, um ingrediente que pode atrapalhar um pouco posições vendidas (que apostam na queda) em dólar contra moedas emergentes é a eleição americana. Coincidentemente, um dia após as prévias republicanas em Iowa, onde o [ex-presidente americano Donald] Trump saiu vencedor, a moeda mexicana performou muito mal. É um sinal ruim para emergentes”, alerta Rhuan. “O timing foi surpreendente. Se o mercado começar a operar a eleição americana, pode não ser legal para as moedas emergentes. É um risco para a posição comprada (que aposta na alta) em real.”


A gestora, inclusive, aposta em seu portfólio na valorização do real à frente. “Desde o início de dezembro, a indústria está com um viés mais positivo para o real”, nota Rhuan, ao se referir à posição vendida em dólar do investidor institucional local via derivativos (dólar futuro, swap cambial, cupom cambial e dólar mini), que está em torno de US$ 15 bilhões, de acordo com dados da B3. “Ainda tenho um viés otimista para o real, porque temos fatores para acreditar que teremos sobra de dólares no Brasil.”


O gestor observa que parte da posição comprada da Pedroza Capital em real se dá contra o dólar e outra parte, contra o euro. “Se tivermos um dólar mais forte no mundo, isso ajuda a dar uma balanceada”, diz Rhuan.


O fluxo cambial é um fator positivo que tem sido ressaltado pelo gestor. Até o dia 12 de janeiro, o câmbio contratado acumulou no ano uma entrada líquida de US$ 3,575 bilhões, segundo dados do BC. “O problema é que, nos últimos dias, os juros começaram a abrir [subir] lá fora. Só nesta semana saiu um dado mais forte de varejo nos EUA e os pedidos de seguro-desemprego foram muito baixos na semana passada. Tudo isso ajuda a fazer com que o dólar fique um pouco mais forte”, observa Rhuan.


Entre os riscos para a posição em real, ele cita as revisões baixistas para a safra de 2024 e os preços internacionais de commodities um pouco mais baixos. “Provavelmente vamos exportar um pouco menos de soja e a um preço médio um pouco mais baixo. O ingresso de dólares na safra é menor e isso atrapalha um pouco”, afirma. Além disso, o gestor ressalta que ainda há dúvidas na seara fiscal do Brasil, mas acredita que pode haver surpresas altistas em dados de arrecadação no começo do ano, o que pode fazer com que os temores fiscais não assustem tanto os mercados nos próximos meses.


Fundador e CEO da Pedroza Capital, Rhuan Pedroza


 
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